top of page

Ocupação é das mulheres por causa do feminicídio, por causa das agressões, por causa de muita coisa que acontece e tá acontecendo com 

A

as mulheres. A gente perdeu várias companheiras de batalha, na guerra, no dia a dia. Hoje, o movimento nacionalmente tirou essa jornada de luta. E como é março, o mês das mulheres, a gente vai ocupar. E vai resistir. É protagonismo das mulheres”. Eis as palavras proferidas no ato da ocupação do edifício SulAmérica.


Essas palavras se espalharam através das redes do MTST Pernambuco e posteriormente reproduzido por outros meios.

Que se saliente esse ponto porque em uma sociedade na qual decisões oficiais são tomadas majoritariamente por homens brancos, na Marielle Franco esta recorrência foi quebrada. 

"

Vereadora Marielle Franco (Imagem: Reprodução)

Não é para menos que a escolha do nome da ocupação faz referência à vereadora, uma das lideranças políticas mais significativas no tocante aos Direitos Humanos e na defesa da juventude negra dos últimos tempos, que foi brutalmente executada no Rio de Janeiro no dia 14 de março de 2018.

Do lado direito da Praça da Independência, mais precisamente no número 91, situa-se o edifício SulAmérica, que há dez anos encontra-se em estado de abandono, contrariando a legislação que exige uma função social para os imóveis.

 

No dia 19 de março deste ano, cinco dias após a execução de Marielle, o espaço ganhou novo significado e ressignificou a luta de muita gente. Pela Praça, pessoas circulam com suas sacolas de compras, ambulantes vendem seus produtos em meio à correria, enquanto outros encontram na rua, este lugar público, sua única alternativa de moradia. Março, aliás, é considerado internacionalmente mês das mulheres. E não por acaso, foi a época escolhida para o início da Ocupação Marielle Franco.

Pensar a cidade e seus espaços, é também refletir sobre os acessos e disponibilidades desses territórios. Durante as diversas entrevistas, Eliane, 43, chama atenção: “Nós queremos ficar pelo Centro e não ir para longe”. A moradora pontua que as oportunidades de empregos e serviços são mais facilmente encontrados pelas regiões centrais da capital pernambucana. Ainda mais para as mulheres, que são maioria ali. A criação de uma creche, por sua vez, é um ponto favorável que a Marielle Franco trouxe para suas habitantes, salientado em diversas falas.

“É difícil para a gente ver tantos prédios ociosos ocupados e tanta gente precisando de moradia. Desejo que daqui para a frente sejam mais e mais pessoas tendo onde morar. Há tempos atrás, as mulheres viviam com os maridos e tinham que levar seus filhos embora e agora não mais assim. Aqui, a gente está no comando. Os homens estão com a gente como apoio”, afirma Eliane, que vive com filhas e neto e colabora com as tarefas subdivididas entre os moradores.

bottom of page